Não posso fazer você entender. Como a lua não sabe por que se atrai tanto pela Terra. É que a gravitação de sua alma é tão grande — e eu não consigo lutar contra isso. Oh, minha estrela! Estás tão longe que só posso te trazer à memória enquanto contemplo o seu céu no sereno de uma noite. E hoje, hoje eu não quero nada mais do que te contemplar.
''Não há mapa ou roteiro que dite a minha estrada, e, se há uma bússola, seus ponteiros sempre oscilaram, errantes, como se tivessem medo de apontar um norte. Sou grão de areia sem rédeas e sem rumo. Tenho liberdade nisso. Um certo alívio oculto na solidão inevitável. "
''(...) É que a esperança é uma miragem que nos mantém em movimento. Então, embebo-me de todo conhecimento que posso, podendo muito pouco, e logo me esqueço de tudo enquanto espero que ele sirva à minha angústia. E descubro, pela milésima e eterna vez, que cada resposta é o alvorecer do mistério seguinte. ''
''Não crio a noção de belo, crio a interpretação.Não há nada de especial em olhar a chuva. Só para mim, que nada sei, que nada tenho e que estou perdido no mundo, que isso é tudo. A completude do que é esplêndido já existe, e eu nada tenho a dizer que já não esteja presente nas estrelas. ''
(...)Meu corpo não responde à minha alma, senão para dar luz ao desânimo cotidiano e à inquietação funcional.
(...)Mas ainda é cedo, e há muito da minha luta para finalizar isso mesmo que escrevo e partir para as milhares de coisas que devo continuar fazendo e que deveria terminar ao fim do dia. Não vai acontecer — não sou idealista, senão na mentira. A vida, talvez, seja isso: caminhar, caminhar, até que já não se possa mais caminhar.
Quer saber? Eu realmente não me importo. Na verdade, me importo sim... É que a minha importância é seletiva, a minha mesquinhez restrita à minha sombra.
E o mundo, como um todo? Tenho que fingir que ignoro essas projeções. E, quando o faço, sinto-me bem, porque sinto-me eu. Há, claro, uma idealização tola nisso, mas onde não há? Eu duvido que algo se sustente sem um mínimo dela.
E as minhas palavras não precisam fazer sentido para ninguém, entendeu? — Não que não possam fazer, até podem... Não sou dono da palavra; ela apenas me foi emprestada pelo acaso, como o próprio sopro de vida. Elas fazem muito sentido para quem as escreve, e esse é o atentado que ouso cometer contra a linguagem — eu, que ouso tão pouco. Mas, quer saber? Eu não me importo.
Eu continuo vivendo na esperança de que o destino possa fazer o milagre de nos colocar na mesma estrada novamente.
Mas,ora,não acredito mais em destino,muito menos em milagre…
Agarro-me ,agora, à pouca probabilidade-quase improbabilidade- de nossos sonhos se encontrarem mais uma vez,porém,não tenho mais aquele apego infantil que acreditava em algo grandioso vindo em minha direção.Mesmo assim,ainda sou o mesmo menino encantado com a (im)perfeição da natureza,assim como fazia ao ouvir suas palavras,mesmo quando seu rosto transmitia um emaranhado de emoções que mais pareciam com borboletas pelo jardim.